Plano de Ação 02

Para além da horta

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Sistemas Agroflorestais (SAF) e outras possibilidades de restaurar ecossistemas

Temas formativos relacionados: Técnicas de Restauração, Segurança Alimentar, Biodiversidade, Comunidades.

Contexto: Atualmente as hortas comunitárias, e escolares, deixaram de ser novidade e passaram a ocupar um lugar de destaque em muitas escolas e comunidades. As hortas por si só sempre foram bem presentes na vida de muitos de nós. Há cidades que contam com diversas hortas privadas produzindo alimento pertinho do consumidor final, onde o produtor é também o vendedor ambulante que comercializa a produção.

Mas, embora seja animador ver espaços verdes produzindo alimentos em nossas cidades, atraindo fauna e conectando pessoas com a natureza e umas com as outras, uma horta não é capaz de restaurar um ecossistema. A diferença é conceitual e prática. Vejamos!

Uma horta tem como definição a produção de olerícolas, vegetais de ciclo curto que incluem hortaliças, raízes, bulbos, etc. O impacto que esse tipo de cultivo tem na restauração é limitado, pois a forma de manejo, na maioria das vezes, não permite a polinização e contribui muito pouco para a biodiversidade e captura de carbono.

Mas o plantio e cultivo desses vegetais pode e deve ser feito, desenvolvendo com sua comunidade reflexões, por exemplo, acerca da produção de alimentos em escala comercial, a pouca variedade destes cultivos, a perda de conhecimentos sobre as plantas alimentícias não convencionais, o problema da monocultura, a erosão genética das espécies crioulas reduzida pelo desenvolvimento de espécies comerciais entre outras discussões pertinentes. Essas reflexões irão desenvolver em sua comunidade os conhecimentos necessários para o próximo passo – um mini sistema agroflorestal (SAF) em sua escola ou em algum lugar que disponha de algum espaço livre de construção.

SAF é a sigla para sistema agroflorestal, um conjunto de técnicas agrícolas baseadas em práticas ancestrais e científicas. Ele garante uma agricultura biodiversa que consorcia espécies arbustivas e arbóreas nativas ou exóticas, cultivos tradicionais variados voltados à exploração econômica e restauração, garantindo a preservação de espécies arbóreas ameaçadas e benefícios para a fauna da sua região.

No SAF o espaço que as plantas ocupam no solo, na parte aérea e o tempo de desenvolvimento das plantas, bem como sua fisiologia são consideradas. Plantas de ciclo curto podem ser cultivadas inúmeras vezes até que uma árvore frutífera nativa comece a dar frutos, plantas anuais como a mandioca e milho, além da bananeira, podem ser plantadas em linhas específicas, fornecendo alimento de forma periódica e dado o seu crescimento rápido, produzirão sombra, umidade e matéria orgânica para espécies mais exigentes.

Existem inúmeras possibilidades de plantio em um SAF, sendo assim propomos um roteiro de estudos e um breve passo a passo para desenhar o sistema.

Etapas

1. Análise da área (número de horas de sol direto, orientação leste-oeste dos canteiros)

2. Definição de um objetivo, atração de aves e abelhas nativas, por exemplo.

3. Desenho das linhas (sentido que permita a maior insolação possível para espécies de ciclo curto como as hortaliças).

4. Seleção de espécies e estratégia de plantio (mudas, semeadura direta ou combinação de ambas)

5. Execução e manejo

Recomendações didáticas

  • Para maior aproveitamento dos conhecimentos produzidos, registre tudo. Faça anotações, mapas mentais, esboço dos canteiros, glossários de espécies e termos novos.
  • Algumas espécies são coringas: mandioca, milho, bananeira, quiabo estrela, feijão-guandu para alimentícias e produção de biomassa. Outras espécies nativas ou exóticas não-invasoras podem ser usadas.
  • O manejo é intenso. A poda e a alocação da matéria orgânica no solo sempre será necessária, para isso, utilizam-se espécies de serviço (assa-peixe, feijão-guandu e eucalipto, por exemplo), que cumprem a função de produzir biomassa. Com o tempo elas saem do sistema por meio da poda radical.
  • Observação dos resultados, dificuldades, aprendizados e mais uma vez: registro.

Produtos

Assim como uma horta é composta por canteiros e que um cultivo agrícola é organizada em leiras, na agrofloresta é igual. Desta forma, é esperado que cada grupo, ao final do período de entrega dos projetos, tenha implementado ou realizado:

  • Canteiro ou linha de cultivo permanente com um misto de espécies de ciclo curto (hortaliças), espécies anuais (medicinais, milho, mandioca, etc.) e de espécies arbóreas nativas que atendam a um dos requisitos da restauração.
  • Um conjunto de ações comunitárias para difusão de conhecimentos, realização das ações, divulgação das iniciativas e promoção da restauração – um vídeo, portfólio ou outro meio pertinente.

É altamente recomendado que, na escolha do local da ação, a escola e seus parceiros firmem o compromisso de destinar a área definitivamente para restauração.

Referências para aprofundamento:

https://incaper.es.gov.br/olericultura#:~:text=A%20olericultura%20%C3%A9%20o%20ramo,%2C%20ra%C3%ADzes%2C%20caules%20e%20frutos.

https://www.embrapa.br/agrossilvipastoril/sitio-tecnologico/trilha-tecnologica/tecnologias/sistema-de-producao/sistema-agroflorestal
https://www.embrapa.br/agrossilvipastoril/sitio-tecnologico/trilha-tecnologica/tecnologias/sistema-de-producao/sistema-agroflorestal
https://www.manejebem.com.br/publicacao/novidades/como-iniciar-um-sistema-agroflorestal

https://www.icmbio.gov.br/educacaoambiental/images/stories/biblioteca/Produ%C3%A7%C3%A3o_e_Uso_Sustent%C3%A1vel/apostila-do-educador-agroflorestal.pdf

https://www.wwf.org.br/?76990/Agrofloresta-e-alternativa-de-desenvolvimento-na-Amazonia

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