Ações para diminuir o efeito das mudanças climáticas
Temas formativos relacionados: Mudanças Climáticas, Escassez hídrica, Comunidades, Segurança Alimentar.
Desafio:
- Desimpermeabilização de calçadas e logradouros no entorno da escola e comunidade;
- Ampliar a arborização e implementar a agricultura urbana;
- Ampliar o vínculo entre escola e comunidades, promover reflexões sobre mudanças climáticas em seu bairro, promover o conforto térmico diante das frequentes ondas de calor.
- Descompactação do solo e aumento da infiltração (para áreas rurais).
Atividade sugerida e objetivo:
Promover na escola uma ação de mitigação e adaptação à crise climática por meio de mutirões envolvendo escola e comunidades para devolver a permeabilidade das calçadas, melhorar o conforto térmico das residências e evitar alagamentos futuros.
Objetivamente, a ação sugere a remoção de pavimento impermeável de calçadas para plantio de árvores nativas da região e plantas alimentícias de uso tradicional no entorno da escola e em um máximo de residências de estudantes e vizinhos.
O objetivo da ação é a mitigação das mudanças climáticas, tanto em relação a enchentes, no mais curto prazo, quanto em relação ao calor em médio e longo prazo. Para isso as ações devem:
- Proporcionar redução da temperatura urbana (ilha de calor) por meio do sombreamento de ruas e calçadas;
- Reduzir os impactos negativos de eventos extremos (redução da força dos ventos);
- Aumento da infiltração da água no solo (maior tempo de permanência da água na paisagem, menor escoamento superficial e consequente redução de enchentes);
- Cobrar do poder público ações mitigatórias e de adaptação às mudanças climáticas;
- Aumentar a autonomia e segurança alimentar por meio da arborização frutíferas e plantio de espécies comestíveis tradicionais da região;
- Promover maior qualidade de vida para a comunidade por meio de espaços mais acolhedores e atividades coletivas em contato com a natureza;
- Aumentar a biodiversidade nas áreas urbanas, melhorando o equilíbrio ecológico e, consequentemente, a redução de pragas urbanas;
- Aumentar a infiltração de áreas rurais e o aproveitamento das águas nas áreas rurais ou periurbanas.
Orientações gerais
- Promover conhecimentos sobre os efeitos das mudanças climáticas, arborização e agricultura urbana: filmes, documentários, reportagens em vídeos sobre o tema, textos informativos, infográficos entre estudantes e comunidade. Aulas e eventos da escola podem ser usados para levar a discussão para vizinhos e comunidade escolar.
- Escutar a comunidade sobre como as mudanças climáticas têm sido percebidas no local e quais medidas poderiam ser tomadas pelos moradores para mitigá-los.
- Adaptar, compor ou propor ideias para promover a mitigação dos efeitos da crise climática no entorno da Escola e a adaptação.
- Organizar uma comissão para coordenar o “mão na terra” e mobilizar a comunidade, identificar moradores que aceitem receber a ação em sua calçada e planejar a execução da desimpermeabilização das calçadas e plantio de mudas.
- Garantir a participação do poder público, seja na execução de parte das ações, seja no fornecimento de mudas, autorizando e ampliando as ações para a escala municipal, especialmente para áreas vulneráveis de seu município (sua equipe de restauradores pode, inclusive, identificar essas áreas e sugerir essas ações ao poder público);
- Execução dos mutirões em cada residência;
- Divulgar as ações e as expectativas a curto, médio e longo prazo para engajar cada vez mais gente.
Etapas
- Investigação, difusão de conhecimentos e escuta: É nesse momento que seu grupo de restauradores mobiliza a escola (demais estudantes, professores, lideranças do bairro e demais parceiros) para discutir os efeitos das mudanças climáticas em sua cidade e bairro. Organize:
- Ações em sala de aula;
- Ações de divulgação para difusão de conhecimentos para a comunidade (use faixas no entorno da escola, converse com as pessoas, use as redes sociais da escola, etc.)
- Sessões de cinema documental;
- Rodas de conversa;
- Saídas pelo bairro com o objetivo de consolidar parcerias e identificar os melhores locais para ação, conforme os critérios para restauração de áreas degradadas (consulte texto formativo Técnicas de Restauração e outras fontes disponíveis).
- Ideação e prototipagem: nessa etapa, os alunos planejam e executam uma ação em uma área de calçada da própria escola. Essa ação pode implicar em:
- Planejamento, seleção da área, mudas, reunir parceiros, obter autorização, consentimento e apoio material ou humano do poder público;
- Obtenção de mudas com fornecedores / doadores (pode ser a prefeitura, várias pessoas distintas, produtores, etc);
- Convocação e planejamento de um mutirão;
- Remoção parcial do pavimento da calçada;
- Formação de canteiros lineares paralelos à sarjeta;
- Plantio de mudas, preferencialmente de árvores frutíferas nativas e plantas alimentícias de interesse local;
- Registro e documentação da ação;
- Avaliação da ação e ajustes no planejamento;
- Em áreas rurais, pensem em áreas próximas da escola que possam ser manejadas para melhor aproveitamento da água por meio de barraginhas, descompactação com adubação verde e cultivos como sorgo, milho, feijão-guandu, margaridão entre outras que possam aumentar a permanência da água no sistema e infiltração no solo.
- recuperação de mata ciliar, nascentes, criação de jardins de água ou projetos de aproveitamento hídrico podem ser pesquisados e implementados.
- Ampliação da ação: A equipe de restauradores irá, nesse momento, conversar com os moradores das residências interessadas na ação e desenvolver outras ações que podem ser concomitantes ou não, a depender do número de participantes presentes. Aqui se manifesta a importância das etapas anteriores de investigação, difusão de conhecimentos, escuta e planejamento junto ao poder público para que as ações sejam rápidas e bem coordenadas. No dia da ação, é recomendável que:
- O máximo de estudantes, professores e familiares participe, refletindo as ações iniciais, bem como o poder público;
- A ação alcance mais de uma residência (família parceira);
- A ação comece e termine em uma manhã;
- As ações sejam documentadas.
4. Acompanhamento: Como sabemos, qualquer ação de restauração exige acompanhamento e manutenção. Obviamente, cada família que aderir à iniciativa participará desse processo, mas os estudantes precisam manter as pessoas mobilizadas e o monitoramento frequente e continuado da ação permite aos estudantes consolidar muitas habilidades e conhecimentos técnicos e interpessoais. As ações de monitoramento consistem em:
- Visitas periódicas aos locais que receberam a intervenção;
- Checar o desenvolvimento das mudas plantadas;
- Checar o reafirmar o envolvimento das parcerias com o cuidado com o espaço criado (fortalecer os vínculos);
- Repor espécies que não vingaram;
- Avaliar as ações realizadas;
- Checar os efeitos obtidos a curto (uso das espécies comestíveis), médio (melhora da qualidade de vida pelo uso do espaço pela comunidade) e longo prazo (redução da temperatura local).
Recomendações didáticas
- Na realização desse plano de ação ou de outra ideia que envolva a restauração para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas considere as metodologias de ensino baseadas em projetos.
- Instigue os alunos a observar o próprio território, pesquisar e refletir sobre como um fenômeno global pode ter causa e efeitos locais. Investigar sobre como as mudanças climáticas estão afetando sua comunidade é um conhecimento indispensável, inspira e ajuda a engajar apoiadores.
- É importante que cada aluno tenha espaço para se expressar, tempo e orientação para realizarem registros pessoais, autorais e trocarem entre si.
- Construam soluções que valorizem a comunidade e promovam autonomia e resiliência, para assim desenvolver a capacidade de visualizar e solucionar problemas de forma criativa e colaborativa.
Produto
O produto que se espera desse plano de ação é um conjunto de espaços urbanos ou rurais transformados, capazes de minimizar os efeitos de ondas de calor, ventos fortes e tempestades, favorecer a infiltração da água no solo e transformar como pensamos a agricultura e a produção de alimentos.
No mais, uma ação semelhante pode ser adaptada a áreas baixas de seu bairro sujeitas a enchentes, a áreas sem arborização visando a redução da temperatura local. Também podem ser mapeadas e requalificadas áreas com acúmulo de resíduos sólidos para eliminação de criadouros de mosquitos que tendem a se multiplicar mais rapidamente com as altas temperaturas e disseminar doenças evitáveis. Enfim, cada lugar terá uma necessidade e cada ação pode ser transformadora.
Referências
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/02/16/cidades-esponja-conheca-iniciativas-pelo-mundo-para-combater-enchentes-em-centros-urbanos.ghtml
https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/fapesp-participacao-de-moradores-e-eficaz-em-combate-a-riscos-de-desastre-ambiental