Temas formativos relacionados: Serviços Ecossistêmicos, Técnicas de Restauração, Comunidades, Biodiversidade.
A quebra de dormência de sementes e produção de mudas parece simples, mas o tema é fundamental para a efetividade das iniciativas de restauração. A escolha da técnica correta para “despertar” uma semente pode garantir o sucesso da produção de mudas. Certas espécies apenas germinam em condições especiais no interior de uma floresta, como após serem parte da alimentação de aves e roedores, por exemplo. Para que mais sementes germinem em é preciso um tratamento especial. Compreendendo essa importância, os estudantes podem simular as situações naturais e produzir mudas de nativas.
Desafio
- Organizar uma rede de coleta e/ou grupos de trocas de mudas e sementes.
- Envolver e conectar pessoas e comunidades em grupos temáticos para coleta, trocas de sementes e de produção de mudas.
- Organizar eventos de plantio em parceria com o poder público local em ações de compensação ambiental realizadas em seu município.
Atividade sugerida
Para a organização de uma rede de coleta de sementes, será preciso realizar uma pesquisa de campo. Depois, as ações específicas para tirar a dormência podem ser feitas em pequenos espaços na própria escola. Muitas pessoas gostam destas atividades e as consideram terapêuticas.
Além da coleta de sementes e dos estudos sobre as espécies coletadas (parte de pesquisa), os estudantes poderão produzir mudas destas mesmas espécies (aplicação do conhecimento).
Etapas:
Parte 1 – Pesquisa:
Comece pelo diagnóstico do território. Identifique:
- O bioma da sua região;
- Forma predominante do uso do solo;
- Vetores de degradação ambiental e agentes responsáveis;
- Organizações e ações de proteção e defesa do meio ambiente;
- Organize essas informações em um mapa conceitual, planilha ou outro registro;
- Pesquise se há grupos coletores de sementes na sua região. Se sim, faça contato. Se não, você e membros da comunidade que conhecem a vegetação, podem dar início a um pequeno grupo.
Organize estudos de meio para:
- Identificação de espécies (anote nome popular, local e, depois, pesquise nome científico e características das espécies);
- Observação da sucessão ecológica e fenologia vegetal;
- Eventuais coletas (tenham consigo embalagens para acomodar e identificar as sementes coletadas);
- Elabore um croqui com a localização das áreas de coleta e seus exemplares. No futuro, você poderá voltar e coletar novas sementes;
- Organize uma Feira de Troca de mudas e sementes e aproveite para divulgar as ações dos estudantes;
- Aproveite datas comemorativas de sua comunidade para mobilizar a comunidade escolar, divulgar e fortalecer a iniciativas com a cessão de espaços para exercícios de restauração dentro do território da escola. Na escolha da área para intervenção, nascentes, encostas e cursos de água devem ser priorizadas.
Parte 2 – Conhecimento aplicado
- Identifique as sementes que necessitam de técnicas especiais para quebra da dormência. Pesquise qual técnica se aplica e como realizar a semeadura;
- Preparação e plantio: organize um espaço para acolher o “viveiro” da sua escola;
- Reúna materiais necessários (sementes, terra, substratos, recipientes como bandejas de mudas ou recicláveis que podem fazer às vezes deste material). Também será necessário material para identificação (placas e caneta especial);
- Realize a semeadura, identifique os vasos com nome da espécie e data do plantio;
- Documente cada etapa e ação realizada com imagens ou em uma tabela;
- Realize a manutenção e regas regulares dos vasos e mudas;
- Observe quais sementes germinaram e faça observações sobre os processos de sucesso;
- Quando as mudas puderem ir para o solo, a escola pode contatar o poder público local e oferecer muda para compensação ambiental. Nesse caso, o responsável pela área fica responsável pela manutenção das mudas e a parceria com a escola pode aumentar o comprometimento das partes com o sucesso do plantio;
- A cada estação, realizar novas coletas de sementes e repetir todo o processo.
Para ir além:
- Enriquecimento de Ecossistemas:
- Além de plantar mudas nativas, considere técnicas como enriquecimento de ecossistemas, que envolvem o plantio de espécies complementares para aumentar a diversidade e resiliência do ecossistema restaurado;
- Introduza plantas trepadeiras para cobertura do solo e promoção de habitats para pequenos animais;
- Implementação de práticas de manejo adaptativo para monitorar a eficácia do enriquecimento do ecossistema ao longo do tempo.
- Recuperação de áreas degradadas:
- Utilize técnicas de bioengenharia, como o uso de troncos e técnicas de engenharia natural, para estabilizar encostas e controlar a erosão;
- Promova a revegetação de áreas degradadas com cobertura vegetal para restaurar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos;
- Faça a remoção de espécies invasoras para permitir a regeneração natural da vegetação nativa.
- Introdução de microrganismos benéficos:
- Considere introduzir no solo microrganismos benéficos para melhorar sua qualidade e promover o crescimento saudável das mudas, como, por exemplo: bactérias, fungos e actinomicetos – micorrizas, rizóbios, bactérias solubilizadoras de fosfato, fungos decompositores, entre outros;
- Utilize compostagem para promover a saúde do solo e estimular a atividade microbiana.
Registros das ações e monitoramento:
- Diário de campo:
- Registre observações sobre o clima, condições do solo e quaisquer eventos naturais relevantes;
- Anote detalhes sobre a saúde das mudas, incidência de pragas e doenças, além de medidas tomadas para controlá-las;
- Documente quaisquer interações da vida selvagem com as mudas plantadas, como visitas de polinizadores ou herbívoros.
- Relatórios de acompanhamento:
- Destaque os principais marcos alcançados, como o número total de mudas plantadas e sobreviventes ao longo do tempo;
- Descreva os desafios enfrentados durante o projeto e as estratégias adotadas para superá-los;
- Mapa de progresso:
- Inclua informações sobre as características do solo, por exemplo, a textura, no mapa para entender os padrões de crescimento das plantas;
- Marque áreas de interesse, como pontos de observação de fauna e flora, para orientar futuras pesquisas e monitoramento;
- Use diferentes símbolos ou cores para representar diferentes estágios de desenvolvimento das mudas e áreas de intervenção específicas.
- Registro fotográfico e de vídeos:
- Tire fotos das características das plantas, como folhas, flores e frutos, para auxiliar na identificação;
- Capte imagens panorâmicas das áreas de plantio para documentar o contexto ecológico mais amplo;
- Fotografe o envolvimento da comunidade nas atividades de plantio e manutenção para destacar o aspecto colaborativo do projeto;
- Utilize drones para captar imagens aéreas das áreas de restauração, permitindo uma avaliação mais abrangente do progresso e dos padrões de distribuição das mudas;
- Produza vídeos educativos que destaquem os benefícios da restauração e incentivem a participação da comunidade em futuras iniciativas de conservação.
- Feedback dos participantes:
- Realize encontros periódicos para discutir o progresso do projeto e receber feedback dos envolvidos no processo;
- Crie canais de comunicação online, como fóruns ou grupos de discussão, para facilitar a troca de informações e ideias entre os membros da comunidade;
- Realize pesquisas de avaliação para medir o impacto percebido do projeto na qualidade de vida e no bem-estar da comunidade local;
- Incorpore sugestões para melhorias contínuas.
Divulgação
Além dos registros para a competição na Restaura Natureza, você pode criar formas de divulgar o trabalho para a comunidade. Use cartazes, postagens nas redes sociais e mesmo conversas com outros públicos. Quanto mais gente participar e conhecer, maiores são as chances de cada semente virar uma árvore.
Fontes de pesquisa e inspiração