Temas formativosrelacionados: Povos originários e Conservar.
Um imenso reducionismo foi propagado entre a população que migrou para a Amazônia a partir dos anos de 1960, quando o governo brasileiro, sob o regime militar que durou até 1985, estimulou a ocupação da região Norte, tida como desabitada. Foi a “febre do ouro” para milhares de nordestinos em garimpos como a famosa Serra Pelada. Foi o acesso fácil e barato a terras para agricultores sulistas e paulistas fazerem riqueza fora de suas regiões de origem, já bem ocupadas e dinâmicas. O encontro dessas duas massas populacionais ávidas por riqueza e “desenvolvimento” encontrou nas populações indígenas um forte contraponto ético.
Os povos originários se opuseram ao modelo desenvolvimentista adotado pelo Estado brasileiro e defendido pelos recém-chegados. O contato intercultural produziu um imenso derramamento de sangue indígena. Com o tempo, a imagem de um nativo preguiçoso e indolente, contrário ao desenvolvimento, passou a marcar o imaginário local, criando um cenário para constantes abusos e conflitos. Seria mesmo o nativo contrário ao desenvolvimento? Ou simplesmente contrário ao modelo que suprime a floresta para exaurir o solo de seus recursos e exportar suas riquezas sem benefício às populações locais?
Se verificarmos o que ocorreu após as medidas de ocupação da região, vemos grandes massas pobres nas periferias das cidades, imensas áreas desmatadas sobretudo nas áreas que margeiam as rodovias e, analisando o resultado do avanço da fronteira agrícola e do garimpo, verificamos que as grandes áreas florestadas do arco sul, sudeste e leste da Amazônia Legal são as reservas ou terras indígenas demarcadas sobretudo das décadas de 1990 e 2000. Mas o que explica a resistência indígena ao modelo de desenvolvimento capitalista e a insistência na proteção da floresta? Que benefícios podemos tirar da floresta em pé?
Desafios:
Compreender a cosmologia indígena e seu papel na conservação de florestas e demais ecossistemas
Conhecer o potencial econômico das florestas em pé, da exploração de recursos não madeireiros
Valorizar e difundir conhecimentos e a cosmologia indígena em diversos segmentos da sociedade brasileira
Para realizar o desafio é importante entender sobre
Diferentes ideias sobre desenvolvimento humano e como alcançá-lo
Cosmologias indígenas e modo de vida
Diversidade e distribuição dos povos indígenas no Brasil antes de 1500
cosmologia indígena, ambiente e modo de vida
Serviços ecossistêmicos e ambientais de escala regional, continental e global
Demarcação de terras indígenas e conservação
Ações Práticas:
Promover encontros interculturais entre comunidades indígenas e não indígenas, gerando intercâmbio de conhecimento através do compartilhamento de histórias e tradições, colaborando para o desenvolvimento de projetos de preservação de territórios e recursos naturais.
Organizar oficinas práticas que envolvam atividades tradicionais dos povos indígenas, como rituais, danças e cerimônias, que estejam conectadas à conservação.
Incentivar a comercialização de produtos indígenas produzidos de maneira sustentável, respeitando os princípios da cosmovisão.
Facilitar parcerias entre comunidades indígenas e organizações não governamentais para desenvolver projetos de conservação em conjunto.
Desenvolver práticas turísticas que respeitem e valorizem a cultura indígena, proporcionando uma fonte de renda sustentável para as comunidades e aprendizado para os não indígenas.
Apoiar práticas agrícolas tradicionais indígenas que promovem a biodiversidade e a sustentabilidade.
A partir desta aproximação, podemos nos inspirar para:
Construir Sistemas de Agroflorestas (SAF) com a ajuda da comunidade escolar em espaços que possam ter essa destinação apoiando práticas agrícolas tradicionais indígenas que promovem a biodiversidade e a sustentabilidade, para isso siga as orientações abaixo:
Estabeleça parcerias com comunidades indígenas locais para desenvolver projetos conjuntos de conservação ambiental;
Identifique o local adequado como áreas desmatadas, espaços abandonados ou degradados pela urbanização, espaços ociosos nas escolas que necessitam de intervenção e restauração e faça um levantamento das condições climáticas, topografia, solo e recursos hídricos disponíveis;
Escolha das espécies: Selecione cuidadosamente as espécies de plantas e árvores que serão cultivadas, considerando a compatibilidade, necessidades de luz, água e nutrientes, bem como os benefícios mútuos entre elas;
Prepare o solo através de técnicas de conservação, como a adição de matéria orgânica, compostagem e manejo adequado da vegetação existente;
Plante as espécies escolhidas de acordo com um plano de arranjo espacial que otimize o uso do espaço e promova a diversidade;
Realize práticas de manejo, como podas, controle de ervas daninhas e pragas, adubação orgânica e irrigação, conforme necessário para garantir o crescimento saudável das plantas.
Acompanhe o desenvolvimento do sistema ao longo do tempo, observando a interação entre as plantas e o ambiente, e faça ajustes conforme necessário para otimizar a produtividade e a sustentabilidade;
Esteja aberto a aprender com a experiência e a incorporar novos conhecimentos e práticas para melhorar continuamente o sistema agroflorestal;
2. Construção de Espaço ambiental educativo – Viveiro de mudas
Organize a construção de um viveiro de espécies de árvores nativas com a possibilidade de parceria de doação de sementes/mudas entre os povos indígenas e a comunidade escolar a fim de fornecer sementes/mudas para colaborar com iniciativas de restauração que envolvam a comunidade onde a escola está situada e esse espaço pode ser utilizado pela escola como uma sala de aula ambiental, no qual todos os alunos da escola podem frequentar e aprender com o desenvolvimento do vegetal envolvendo diferentes disciplinas como: Geografia, Matemática, História e Biologia. Para a construção de um viveiro siga as orientações abaixo:
Pesquise e identifique espécies de árvores nativas adequadas para o seu local, levando em consideração o clima, solo, disponibilidade de água e outros fatores ambientais;
Prepare o solo removendo a vegetação existente, realizando correção de nutrientes e preparando covas ou áreas de plantio adequadas para as mudas;
Adquira mudas de árvores nativas através de parcerias ou produza suas próprias mudas por meio de sementes coletadas localmente ou por meio de outros viveiros;
Plante as mudas de acordo com as recomendações de espaçamento e profundidade adequados para cada espécie, cuidando para garantir uma boa cobertura de raízes e fixação no solo;
Realize cuidados iniciais, como irrigação regular, controle de ervas daninhas e proteção contra animais, para garantir a sobrevivência e o crescimento saudável das mudas;
Monitore o crescimento das árvores regularmente e realize práticas de manejo, como podas seletivas, controle de pragas e doenças, e adubação orgânica, conforme necessário;
Implemente medidas de proteção para evitar danos às árvores, como cercas para proteger contra animais e controle de erosão para proteger as raízes;
Acompanhe o desenvolvimento das árvores ao longo do tempo, promovendo a regeneração natural do espaço garantindo a diversidade e saúde do ecossistema;
Uso de Plantas Medicinais: Organizar oficinas práticas que ensinem sobre o uso tradicional de plantas medicinais pelos povos indígenas, incluindo técnicas de coleta, preparação e aplicação de remédios naturais. Isso pode promover a conservação de espécies vegetais importantes para a medicina tradicional e incentivar o respeito pelos conhecimentos indígenas sobre o uso sustentável dos recursos naturais.
3. Produção de Oficinas de Artesanato Sustentável
Realizar oficinas que tenham por objetivo difundir técnicas de artesanato tradicional, como cestaria, tecelagem, biojóias e entalhe em madeira, utilizando materiais sustentáveis. Isso pode incluir a valorização de técnicas de produção que não prejudiquem os ecossistemas locais e a promoção do comércio justo de produtos artesanais e geração do desenvolvimento sustentável local, ao final monte uma feira de artesanato;
Organizar oficinas práticas sobre o uso tradicional de plantas medicinais pelos povos indígenas, incluindo técnicas de coleta, preparação e aplicação de remédios naturais. Isso pode promover a conservação de espécies vegetais importantes para a medicina tradicional e incentivar o respeito pelos conhecimentos indígenas sobre o uso sustentável dos recursos naturais.
4. Evento:
Organize um Fórum estudantil para realizar discussões com temáticas do bem viver e os cuidados com a casa comum através de ações restauradoras das vivências indígenas envolvendo toda a comunidade escolar alunos, professores e possível participação de povos indígenas para trazer a sabedoria das suas tradições e os problemas que os mesmos enfrentam com a demarcação de terra e garimpo ilegal, por exemplo.
5. Parcerias Comunitárias e Interculturais:
Estabeleça parcerias com comunidades indígenas locais para desenvolver projetos conjuntos de conservação ambiental