Plano de ação 25

Herbário como matriz restauradora

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Elaboração de exsicatas com espécimes vegetais para projetos de restauração

Temas formativos relacionados: Conservar, Técnicas de restauração, Comunidades, Biodiversidade.

Desde sempre a exuberância da natureza brasileira causa curiosidade, paixão e é alvo de grandes descobertas. Quando os europeus chegaram em nosso continente, ficaram extasiados com tanta biodiversidade. Essa nova paisagem precisava ser compartilhada com aqueles que não teriam a oportunidade de olhar com seus próprios olhos o meio ambiente mais rico de nosso planeta. Esse contexto é um dos motivos para que novas técnicas de estudo da flora tenham sido desenvolvidas. O herbário, coleção científica de plantas secas, prensadas, fixadas individualmente e catalogadas, nasce nesse contexto, mas ele pode também ser uma matriz do que precisa ser restaurado.

O estudo da flora através do herbário ajuda a identificar novas espécies e suas regiões de origem, mas também pode ser um mapa das espécies que precisam mais de ações humanas. Compreendendo quais são as vegetações nativas dos biomas é possível também estudar as relações ecológicas, propriedades do solo, elaborar ações de conservação e restauração, assim como valorizar e evitar a extinção de espécies. Conhecer espécies nativas é ainda um caminho para se compreender a cultura, a história local, a relação dos povos com as plantas, identificar novos alimentos e potenciais econômicos.  

Desafios: 

  1. Conhecer espécies nativas de um bioma brasileiro 
  2. Reunir conhecimentos científicos e populares sobre as espécies nativas
  3. Elaborar um herbário com os diferentes tipos de conhecimentos
  4. Usar o material para planejar e engajar para ações restauradoras a médio prazo

Para realizar o desafio é importante entender sobre:

  • Biomas brasileiros
  • Espécies nativas
  • Nome científico e nome popular
  • Técnica de secagem das plantas.
  • Exsicatas: as plantas secas preparadas, já fixadas em cartolina
  • Herbário

Etapas para o herbário:

  1. Identifique qual o bioma em que você vive e levante quais são as principais espécies nativas do bioma. 
  2. Pesquise se essas espécies estão presentes na sua região para que você possa realizar coletas da vegetação nativa.
  3. Para cada espécie, é interessante coletar folhas, flores e frutos. Se não for possível, já que as flores e frutos aparecem em épocas diferentes, tente coletar ao menos duas partes vegetais.
  4. Para o processo de secagem, você pode produzir uma prensa (veja em Fontes de pesquisa e inspiração, com link) ou colocar cada conjunto de planta no meio do jornal. Após todas as plantas colocadas no jornal monte uma pilha pesada sobre esse material. Quanto maior for o peso, melhor será o processo de deixá-las bidimensionais, em outras palavras, fininhas como uma folha de papel. 
  5. Guarde o seu material em um lugar fechado e quente para que o processo de secagem se torne mais rápido. Dependendo das condições climáticas da sua região, é importante observar as plantas a cada três dias e, se o jornal estiver úmido, troque-o para evitar o crescimento de microorganismos, como fungos. 
  6. Após a secagem da planta, você deve montar a exsicata, o que corresponde a planta seca, fixada em cartolina junto com sua ficha de identificação. 
  7. Elabore as fichas das plantas. As principais informações são: nome científico, nome popular, origem, data de coleta, local de coleta e responsável pela coleta. Como este herbário tem a função de identificar as espécies nativas de sua região, você pode incluir mais informações como, propriedades alimentares e/ou medicinais, potenciais econômicos, etc. Não se esqueça de buscar fontes confiáveis para que o seu trabalho apresente informações comprovadas cientificamente.
  8. Cada planta nativa também deve apresentar sua história com a cultura local. Procure entrevistar pessoas mais velhas, comunidades que trabalham diretamente com as espécies nativas. Resgate as memórias da sua comunidade e registre essas informações nas fichas das plantas. 

Para ir além em sua ação:

  1. Mapeamento de áreas para intervenção:
  • Antes de iniciar a coleta das espécies nativas, realize um mapeamento das áreas em sua comunidade que necessitam de intervenção e restauração. Identifique locais de degradação ambiental, como áreas desmatadas, espaços abandonados ou degradados pela urbanização. Isso permitirá uma abordagem mais estratégica na escolha das espécies a serem documentadas.
  1. Inclusão de espécies estrategicamente restauradoras:
  • Dê ênfase a espécies que desempenham papéis específicos na restauração ecológica e anote estas informações. Por exemplo: quais plantas são fixadoras de nitrogênio, pioneiras na sucessão ecológica ou que contribuem para a formação de microclimas propícios ao desenvolvimento de outras espécies. Essa abordagem documenta a biodiversidade e destaca espécies fundamentais para processos de restauração.
  1. Identificação de espécies ameaçadas:
  • Além de coletar espécies para o herbário, dedique uma parte do projeto à identificação de espécies nativas ameaçadas em sua região. Priorize a coleta de informações sobre elas, documentando seus habitats, ameaças e medidas de conservação necessárias para sua restauração.
  1. Criação de mudas ou viveiros:
  • Antes de colecionar as espécies, certifique-se de que elas seguirão na natureza. Com as sementes das espécies identificadas no herbário, cultive mudas para serem utilizadas em projetos de reflorestamento e recuperação de áreas degradadas.
  1. Implementação de projetos de reflorestamento:
  • Colabore com organizações locais, escolas e autoridades ambientais para desenvolver e implementar projetos de reflorestamento em áreas degradadas;
  • Utilize as informações do herbário para orientar a seleção das espécies a serem plantadas e monitorar o progresso da restauração ao longo do tempo.
  1. Envolvimento da comunidade em ações de plantio:
  • Vincule a produção do herbário a ações práticas de restauração. Promova eventos de plantio com a comunidade, utilizando as espécies identificadas no herbário;
  • Essas ações não só contribuem para a restauração de áreas degradadas, mas também fortalecem os vínculos comunitários e a conscientização ambiental.

Registros complementares para valorização cultural e potencial econômico

  1. Histórias e usos tradicionais:
  • Além das informações científicas, inclua nas fichas das plantas histórias, usos tradicionais e conhecimentos locais relacionados a cada espécie. Destaque práticas culturais, rituais, ou usos medicinais e alimentares associados a essas plantas. Isso enriquecerá as fichas e também fortalecerá a conexão cultural da comunidade com a natureza.
  1. Avaliação do potencial econômico:
  • Pesquise e inclua informações sobre o potencial econômico das espécies nativas identificadas. Destaque possíveis usos sustentáveis, como turismo ecológico ou outros aspectos que possam promover o desenvolvimento econômico local em harmonia com a conservação.
  1. Registro de práticas de conservação:
  • Documente práticas de conservação e manejo sustentável associadas a cada espécie. Se houver iniciativas locais ou tradicionais para conservar ou usar essas plantas de maneira sustentável, registre essas práticas como parte integrante do conhecimento acumulado pela comunidade.

Sugestões de entrega:

  • Exposição das exsicatas em sua comunidade, com registro fotográfico
  • Herbário digitalizado
  • Book Creator   

Independentemente da forma de apresentação, elabore um pequeno texto explicando o trabalho, deixando registrado a importância das espécies nativas para a conservação do meio ambiente. Se optar por trabalhos digitais, compartilhe o máximo possível. O conhecimento de espécies nativas pode servir como iniciativas de restauração.

Fontes de pesquisa e inspiração:

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