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ESCASSEZ HÍDRICA

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A escassez hídrica tem preocupado cada vez mais pessoas, empresas e governos, uma vez que a insegurança no acesso regular à água, em quantidade e qualidade satisfatória, traz inúmeras incertezas e custos adicionais.  Além de colocar em risco a saúde e a vida humana, a degradação ambiental de ecossistemas, da biodiversidade e o aquecimento global está inviabilizando a produção de alimentos, de energia elétrica e a produção de quase todas as mercadorias das quais necessitamos. 

A disponibilidade e a qualidade da água dependem de uma série de fatores inter relacionados – vegetação, geologia e relevo local, clima, etc. No sistema Terra-vida, ritmos determinados pelo aquecimento diferenciado do planeta, produzem correntes marítimas e movimentos atmosféricos que equilibram a temperatura e distribuem a água entre diferentes porções do globo. Dessa forma, a restauração é fundamental para assegurarmos a segurança hídrica de nossas comunidades. 

Infelizmente, a escassez hídrica favorece a mercantilização da água como estratégia de gestão. A água não é um mero recurso natural, não existe apenas para atender necessidades humanas e econômicas. Logo, pensar a água como recurso é uma formulação antropocêntrica, ou seja, coloca as necessidades humanas no centro das discussões. Há incontáveis espécies em nosso planeta que desaparecerão sob efeito das mudanças climáticas e outras que continuarão existindo quando a presença humana for apenas vestígios de uma era geológica, o antropoceno. 

Quando consideramos a água um “bem comum”, a noção de bem (propriedade ou algo apropriável) se sobrepõe ao adjetivo “comum”. Vale refletir qual dessas ideias tem predominado em nossa sociedade, em nossas comunidades. 

Na expansão das áreas habitáveis – ecúmeno – a disputa por recursos e a capacidade adaptativa de nossa espécie produziu significativas transformações nas paisagens e nas relações interpessoais e comunitárias, produzindo inúmeras desigualdades socioeconômicas, entre as quais o acesso à água e a ambientes saudáveis e seguros para a vida humana. É importante destacar aqui o racismo ambiental, onde a população negra e comunidades tradicionais sofrem com a exploração intensiva de recursos naturais, tendo como consequências perda de produção de alimentos e doenças.

A água já não é abundante. As estratégias que povos indígenas e populações tradicionais desenvolveram para lidar com a escassez hídrica já não são suficientes diante da crescente proximidade de atividades econômicas impactantes aos seus territórios. Deslocamentos forçados e mudanças em seus modos de vida colocam estes povos sob influência de dinâmicas econômicas externas que comprometem sua capacidade de sobreviver por seus próprios modos de vida. 

A lógica de fazer da água uma mercadoria baseia-se na ideia de escassez como estratégia de gestão. Assim, deixamos de lado a capacidade de cooperação e compartilhamento equitativo da água e outros recursos que prevalecem entre indígenas e populações tradicionais

Uma vez mercadoria, a água estará sujeita à lei da oferta e da demanda, da obtenção de lucro e do retorno total de qualquer investimento. De forma que, para garantirmos segurança hídrica e, consequentemente, segurança alimentar, precisaremos atuar em pelo menos duas frentes ao mesmo tempo: a técnica, que compreende um manejo ambiental e socialmente justo dos recursos e sistemas naturais e o político, responsável pela “engenharia” social que regula as formas de apropriação, acesso e manejo dos recursos entre toda a humanidade.

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