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A forma com que o ser humano se relaciona com o meio ambiente, no geral, é alarmante e não é mais novidade. A intervenção exploratória dos recursos naturais de forma indiscriminada nos dá sinais há tempos de que ultrapassamos os limites e as consequências são muitas, a escassez hídrica é uma delas. Com o avanço do desmatamento nas grandes florestas, mas também em outros biomas, a água vem dando sinais constantes de que é melhor o ser humano repensar a respeito e ir em busca de soluções restauradoras para “ontem” mesmo.
Autoridade máxima em captar e fornecer toneladas e toneladas de água para a atmosfera, as árvores perdem espaço para extensas áreas de agropecuária e agricultura. Em 2022, o índice de alerta em desmatamento na Amazônia Legal bateu recorde, o mais alto desde 2016, de acordo com o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Sem seus essenciais serviços ecossistêmicos, o impacto não é apenas local, afetando as comunidades amazônicas. Percebe-se as mudanças nos regimes de chuvas nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Os rios voadores, fenômeno esperado para se manter condições climáticas favoráveis, já começam a dar sinais de modificações. Brasileiros e brasileiras sentem, cada vez mais de perto, a escassez hídrica batendo em sua porta.
Entretanto, o que se nota claramente é que as pessoas em situação de vulnerabilidade social são as que mais sofrem diante da degradação dos ambientes aquáticos. A falta de acesso à água e a pobreza social estão intimamente ligadas. Há uma pressão imensa para a sua privatização, o que torna a água uma mercadoria e de acesso ainda mais difícil para aqueles de baixa renda. A captação de água para a produção de commodities e sua exportação, concentra os recursos hídricos na mão de pequenos grupos privilegiados e que obtêm um enorme lucro em suas atividades insustentáveis. A redução da disponibilidade da nossa substância vital faz com que as comunidades não possam mais esperar a chuva para plantar, usar o rio para pescar, captar a água para se manter. O lençol freático contaminado por agrotóxicos não pode ser mais um local de segurança de armazenamento de água para milhares de famílias. Desertificação e falta de alimentos faz com que pessoas saiam, sem escolha, de seus lugares de origem em busca de oportunidades para a sua sobrevivência. Doenças, extinção de flora e fauna, desertificação e miséria são as consequências de ações devastadoras.
Nos cabe, diante de todos esses grandes problemas, agir imediatamente nas diferentes esferas e escalas. Promover políticas públicas específicas para cada tipo de bioma, responsabilizar as atividades econômicas exploratórias, investir em pesquisa científica, fortalecer os órgãos fiscalizadores e construir no coletivo ações restauradoras pode ser um início de uma conscientização social. É preciso impor que a água é um direito humano, como promulgado pela ONU em 2010, e cumprir esse dever perante os cidadãos. Compreender esse direito nos torna responsáveis em defender os ecossistemas aquáticos em prol de vidas saudáveis. Priorizar a segurança hídrica é proteger os povos tradicionais, as comunidades locais, a agricultura familiar e o ambiente urbano, além de cumprir com a missão de que os recursos hídricos não sequem.
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