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BIODIVERSIDADE

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Dê uma pausa na agitação da sua vida e permita-se observar ao seu redor.

Faça uma viagem mental para outros lugares, talvez uma floresta densa ou uma região litorânea do Brasil. Escolha o ambiente que mais lhe agrada. Agora, que você está neste lugar, quem está compartilhando esse espaço com você? Perceba que há inúmeras formas de vida, além da espécie humana, independente do lugar escolhido por você. Seja ele a grandiosa Amazônia com a sua riqueza conhecida, com os Botos cor-de-rosa, ariranha, ou o ambiente microbiano, pouco conhecido para aqueles que só enxergam a riqueza naquilo que se vê. Seja ele, a Caatinga, com um ambiente de contrastes que passam desde aos cactos, a espécies resistentes às secas, até as regiões de brejo que transformam a vida naquele espaço inóspito. Seja ele, a Mata Atlântica, com sua área altamente explorada, mas que ainda carrega em sua grande extensão a riqueza da vida com árvores majestosas, como o imponente Jequitibá-rosa, em meio às ameaças de extinção, segue presença a onça-pintada e o tatu-canastra. Seja ele, o ambiente mais úmido de toda a nossa geografia, o Pantanal com o seu espetáculo promovido pelos ciclos da água. Nas cheias, peixes abundantes, como Pacu e Dourado e na constante presença de seu maior símbolo, o Tuiuiú. A água cobrindo espaços e escondendo partes dos ecossistemas. Já nos períodos de pouca água, campos são descobertos e águas, conectadas anteriormente, são isoladas neste período. Seja ele, o Cerrado, em meio a sua peculiaridade, apresentando regiões de chapadas e formações antigas. Seja ele, os Pampas em seus territórios abertos e uniformes, com serras, planícies e palco de vida de Araucárias, marrecos, garças e Veados-campeiro. Não é à toa que, independentemente do lugar que você escolheu ser transportado, você estará sempre na companhia das mais diversas formas de vida, afinal o nosso país carrega a maior biodiversidade do planeta Terra. São infindáveis espécies dos cinco reinos de seres vivos, convivendo com variadas formações geográficas que sustentam a complexidade dos biomas e ecossistemas brasileiros, totalizando ao menos 160 mil espécies, o que corresponde a mais de 20% da biodiversidade mundial. 

A grandiosa teia de relações descrita acima não deve ser interpretada apenas como fontes de recursos naturais para a vida da espécie humana. A biodiversidade carrega os valiosos bens culturais e imateriais da identidade brasileira. Em contrapartida, a abundância não vem sendo preservada e usufruída de forma igualitária. Há a perda constante das riquezas em conjunto com a amplitude da desigualdade social e ambiental. Portanto, ao observar a diversidade de vida que nos cerca, é também imprescindível que a gente identifique que a nossa própria espécie se encontra na natureza de modo desigual. Com o avanço dos problemas ambientais, os direitos não são os mesmos. Povos negros e indígenas são os grupos dentre os mais afetados. A comunidade ribeirinha é afetada diretamente quando o ecossistema aquático se torna poluído. As comunidades periféricas, nas grandes cidades, são as mais prejudicadas diante de temperaturas elevadas, ausência de saneamento básico e contaminações químicas. Esses são alguns exemplos, mas não os únicos. 

Quando a biodiversidade diminui, diminui em conjunto aos processos degradantes, as tradições, os saberes, a cultura local e a diversa forma de se relacionar com o meio ambiente, aumentando ainda mais as discrepâncias sociais. Portanto, compreender o conceito e a importância da biodiversidade não requer apenas nos perceber como seres em companhia com outros seres. O compromisso deve ir além. É fundamental que as ações de restaurações levem em consideração a história política de nosso país. Nela se encontra a chave para compreender tantas explorações. As ações, políticas e compromissos ambientais que tenham como objetivo restaurar a biodiversidade devem ser companheiras das populações, principalmente as vulneráveis, com escuta, valorização e real participação. Lutar pelos direitos ambientais em união aos direitos humanos é reconhecer que o futuro deve ser baseado no princípio da equidade. É esse caminho que poderá fortalecer a rede de vida diversa, rica e estruturante dos territórios brasileiros. 

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