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CONSERVAR

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Atualmente os noticiários não deixam passar mais despercebido a urgência que é a de dar atenção para os problemas ambientais, presentes em todos os territórios de nosso planeta. São extensas áreas degradadas, poluídas e avisando constantemente que já não é mais possível comportar os impactos negativos da espécie humana no meio ambiente. Precisamos correr contra o tempo para minimizar a era da antropização e criar ações restauradoras para cuidar do que está doente. 

Por outro lado, as nossas reflexões e práticas também precisam se voltar para o que se restou da natureza, embora os dados sejam pouco felizes, como, por exemplo, no caso da Mata Atlântica, por ter em torno de apenas 10% de sua cobertura vegetal nativa. Neste caso, uma dúvida pode surgir: por que conservar? A resposta mais imediatista pode ser sobre a importância de preservar os recursos naturais para a sobrevivência da humanidade. Ela não está errada, afinal somos integralmente dependentes dos serviços ecossistêmicos. Sem eles, não avançamos como espécie, muito menos como sociedade. Explorar a natureza para descobrir novas formas de nutrição, produzir bens, obter energia e identificar substâncias que curam nossos males, por exemplo, fazem parte do processo evolutivo do Homo sapiens, desde sempre. É uma justificativa essencialmente utilitarista, mas não insignificante devido à relevância que os recursos naturais têm para todas as pessoas. Neste sentido, devemos aprender com os conhecimentos ancestrais, advindos dos povos originários, tradicionais, quilombolas e ribeirinhos, já que em muitos ecossistemas preservados, há também séculos da presença de grupos que convivem em simbiose com o ambiente, manejando os tesouros naturais e em permanente respeito ao tempo necessário para os processos e ciclos ecológicos. Esse fato nos provoca a compreender que o estar na natureza não é prejudicial, mas sim a forma em que permanecemos nela. 

Entretanto, entender a pertinência da conservação apenas pelo viés acima ainda é pouco. É pouco diante da imensidão de beleza, complexidade e dinamismo que um olhar atento e sensível, em meio a floresta, pode minimamente captar. As áreas conservadas nos contam histórias antigas, revelam segredos do que eram os territórios, antes de nossa chegada. Nos permite, em cada passo curioso, se encontrar com uma novidade. Os detalhes, assim como as grandes formações naturais, nos ajuda a compreender a pequenez humana e  ajuda a entender a imensa riqueza que é estar no mundo. Neste cuidado com o pouco que nos resta, valorizamos as infinitas formas de vida, tão diferentes e tão semelhantes a nossa espécie. Cada uma com a sua especificidade que, não necessariamente serve a humanidade, forma um vasto arcabouço de poesia viva, portanto não nos cabendo intervir na vida dos ecossistemas, por uma questão de ética, política e  consciência ambiental.  Não somos seres superiores, vivemos em conjunto, no compartilhamento e na coexistência entre os fatores abióticos e bióticos, por mais que a configuração hegemônica ainda se negue sobre essa essência. 

A conservação de áreas, embora cada vez mais pressionadas pelo capitalismo, é a grande professora da vez, aliada da restauração e peça fundamental para mitigar as mudanças climáticas. Além de tudo que já foi explicitado aqui, podemos confiar que estes territórios nos darão pistas elementares de como podemos agir em regiões que necessitam ser restauradas, sabendo que esse processo pode levar décadas para um resultado efetivo. A dinâmica da natureza mostra para o eterno aprendiz, nós mesmos, como é urgente a desconfiguração das práticas exploratórias atuais e nos convoca a realizar constantes lições de casa. Estas devem estar integradas aos diferentes saberes, aos patrimônios naturais e imateriais em conjunto com os variados setores da sociedade com o fomento de políticas públicas e ações planejadas para não ampliar ainda mais a dizimação do ambiente. 

Abrir espaço e escutar a voz daqueles que se encontram intimamente relacionados aos ecossistemas, planejar monitoramentos participativos, se envolver em conselhos gestores e aliar os conhecimentos tradicionais e científicos pode garantir grandes aprendizados para a conservação. Construir caminhos que levem em conta ações para fomentar a pesquisa científica, a promulgação e/ou a fiscalização de leis protetoras e a educação ambiental de forma colaborativa e coletiva com os variados povos e etnias é o sentido para caminharmos a favor de boas notícias. Conservar o pouco do que ainda está de pé é premissa para o presente e futuro. 

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