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TÉCNICAS DE RESTAURAÇÃO

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A restauração de ecossistemas é uma realidade. Dados do Instituto Internacional para Sustentabilidade e da WRI Brasil apontam que 5 milhões de hectares já restaurados na Mata Atlântica protegem 647 espécies ameaçadas de extinção e retiraram 5,6 milhões de toneladas de carbono da atmosfera. Presente na legislação, em estudos acadêmicos, na prática de comunidades e produtores rurais e de algumas empresas, a restauração é apontada como estratégia fundamental para enfrentamento do aquecimento global e garantia de recursos hídricos e segurança alimentar. Trata-se de um mercado em expansão, abrangendo uma cadeia que estima movimentar 9 trilhões de dólares em todo o mundo até 2030. Além disso, prevê-se que gere mais empregos por hectare de terra do que cultivos agrícolas tradicionais. Assim, o objetivo deste texto é fornecer algumas informações básicas para orientar os planos de ação que desejem atuar diretamente com a restauração de ecossistemas e apresentar algumas premissas básicas e técnicas que devem ser consideradas. 

Importante para mitigar os efeitos do desmatamento, da perda de habitats e ecossistemas, a cadeia da restauração atua na recomposição da vegetação nativa. Incentivada por leis como o Código Florestal, de 2012, e o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (PLANAVEG), de 2017, a restauração começa na coleta e beneficiamento de sementes, fornecimento de sementes e mudas (viveiros). Inclui o planejamento especializado dos projetos e serviços operacionais como estudos técnicos, implementação e acompanhamento em campo, transporte de mudas e outros insumos. Além do setor privado, secretarias de Estado de meio ambiente e órgãos técnicos como Embrapa, Cati, Emater atuam na regulamentação das iniciativas.

Seja em áreas rurais ou urbanas, é preciso saber o quê e por que restaurar. A restauração começa no diagnóstico da área a restaurar. Informações sobre o histórico de uso ajudam a identificar e isolar os fatores de degradação. A escolha das espécies e técnicas empregadas deve considerar o bioma e as dinâmicas da paisagem (tipo de solo, fluxo das águas, conectividade entre fragmentos de vegetação nativa, etc.). Plantas ruderais e pioneiras comuns no entorno terão mais sucesso porque estão adaptadas ao tipo de solo, umidade e ventos predominantes no local. A presença de espécies invasoras, de obstáculos para a dispersão de sementes, germinação e permanência das plantas devem ser consideradas.

As ações necessárias dependem do estágio de sucessão da área e das necessidades que ela demanda para completar sua regeneração. Isso porque os ecossistemas naturais se desenvolvem segundo o princípio da sucessão ecológica, ou seja, as espécies que colonizam uma área criam condições para a emergência de espécies mais exigentes no local.

Para resultados efetivos pode ser interessante prever a geração de renda nos projetos. Aqui entram os Sistemas Agroflorestais e os Sistemas agrossilvopastoris que cumprem importante papel na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. 

Quanto às metodologias de restauração temos a regeneração natural e a condução da regeneração natural. No primeiro caso, caso a área disponha de banco de sementes no solo ou em área próxima e de circulação de fauna, basta isolar a área dos fatores de degradação e deixar a sucessão natural acontecer sem intervenção humana. Quando essas condições não existem ou se quer acelerar o processo, utiliza-se a condução da regeneração natural, ou seja, técnicas que imitam os processos naturais.

O principal método de condução é a nucleação ou a criação de pontos que irão concentrar mudas, sementes, cobertura seca e cuidados. A criação de poleiros artificiais com galhos secos e a transposição de solo e galharia de áreas preservadas para áreas degradadas oferece abrigo de fauna e estimula a restauração; agrupamentos de espécies nativas, pioneiras ou não conectam fragmentos e facilita a circulação da fauna. 

Há ainda técnicas de manutenção e monitoramento dos plantios e ações já realizadas. O coroamento consiste na retirada de gramíneas do entorno de exemplares brotantes, em rebrota, das plântulas (indivíduos muito jovens) e mudas inseridas no sistema por plantio. Protege esses exemplares da concorrência por luz e recursos pelo uso de matéria seca para inibir a rebrota do capim e proteger o solo. A adubação verde consiste no uso de espécies de serviço (para produção de biomassa) que podem ser nativas ou exóticas não invasoras de rápido crescimento. O enriquecimento consiste na introdução de espécies com funções ambientais específicas, como atração, abrigo e alimentação de insetos, aves e mamíferos, favorecendo a regeneração natural.

Os resultados da restauração são animadores. Profissionais ligados à restauração são mais otimistas que aqueles focados na conservação. Isso porque a natureza, quando respeitada e bem cuidada, responde com muita generosidade. Agora, então, é hora de nos integrar à natureza como parte indissociável dela e fazermos a nossa parte. Mãos à terra!

Referências

https://www.decadeonrestoration.org/pt-br/o-que-e-restauracao-de-ecossistemas

https://sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam3/repositorio/222/documentos/nucleacao.pdf

https://www.decadeonrestoration.org/pt-br/o-que-e-restauracao-de-ecossistemas https://www.wribrasil.org.br/noticias/mata-atlantica-o-lugar-ideal-para-restauracao-de-florestas-e-paisagens

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